domingo, 13 de janeiro de 2008

Todeschini



A Rainha do Fandango é natural da cidade de Bento Gonçalves. E começou a nascer formalmente no dia 28 de abril de 1939, da linha de produção de uma fábrica que recebeu o nome de Todeschini e Cia. Ltda. É claro que isso só aconteceu depois de elas terem passado por uma fase de artesanato caseiro, pelas mãos do mesmo Luis Matheus Todeschini que fundou a empresa. (Seu Luis teve quatro filhos, mas nenhum deles interessou-se pela fabricação de gaitas).
Em 1947 surgiu a Acordeões Todeschini S/A. Em 1965 - 17 anos depois da fundação do MTG - a empresa já exportava seus produtos para a Argentina, Chile, Venezuela, México e Estados Unidos. Mas começou a enfrentar uma série crise nas vendas internas. O Brasil havia entrado na era dos instrumentos elétricos e as pesquisas mundiais na indústria eletrônica avançavam em velocidade de linguagem binária sobre a área da música. A estridência do som de guitarras elétricas e tecladeiras eletrônicas conquistava uma geração que, disposta a mudar a própria ordem do universo, precisava de volume suficiente para que sua mensagem fosse ouvida acima de qualquer outro som.
Os instrumentos acústicos entraram em baixa no gosto da grande massa de consumidores da música, a juventude. Foi por esta época que a Todeschini, na tentativa de ganhar fôlego, voltou-se para um mercado menos sujeito à ondas, modismos e sazonalidades, o mercado de móveis. O ano era 1968. Em 1971, a empresa estava em franco desenvolvimento, assim como toda a indústria moveleira que florescia em Bento Gonçalves.


INCÊNDIO NA SEXTA-FEIRA, 13 DE AGOSTO

"... ocupava uma área própria construída de 14.000 m2., 470 operários produziam em média, mensalmente, 700 acordeões e 3.000 unidades de móveis diversos." Esta era a descrição da fábrica feita em matéria na edição número 1 da Revista Gaúcha, que Adelar Bertussi e Adelar Neves publicaram durante os anos 70. O texto descrevia o incêndio que, na sexta-feira, 13 de agosto de 1971, atingiu a Todeschini. O fogo ardeu durante dois dias e destruiu completamente as instalações da fábrica.
Mas, já no dia 15 de outubro, a empresa ressurgiu das cinzas, sob a denominação de Todeschini S.A. - Indústria e Comércio, com cerca de 250 acionistas, a maioria deles, os próprios operários da fábrica.
Menos de três anos após aquela sinistra sexta-feira, 13, as novas instalações haviam de novo alcançado 11.000 m2 de área construída e abrigavam 350 operários. Mas a fabricação de móveis havia sido drasticamente aumentada para 8.000 peças mensais, contra uma violenta redução na produção das famosas gaitas, apenas 300 instrumentos por mês. Boa parte delas saiam de Bento Gonçalves diretamente para completar o abastecimento do mercado europeu de outra marca mundialmente conceituada, a Honer.
Honeyde e Adelar Bertussi eram os únicos músicos consultores da linha de produção. Eles passavam com freqüência pela fábrica, onde experimentavam as gaitas prontas, conferiam os resultados e sugeriam eventuais modificações. "Os instrumentos eram fabricados de acordo com as orientações dos irmãos Bertussi", testemunha lvo Bondam, uma autoridade no assunto, ele entrou para a Todeschini aos 13 anos de idade e lá trabalhou durante 46 anos.
Para cada instrumento finalizado, eram montadas nada menos do que 3.856 peças - todas elas produzidas dentro da própria fábrica.